segunda-feira, 16 de março de 2009

O ponto zéro

realmente é algo que faz muito sentido pra mim, sempre digo que o ponto zéro é o ápice das coisas, o ponto de equilíbrio, do salto, da movimentação, da passada e até mesmo a mente, o ponto zéro é como se fosse o centro de tudo, num salto por exemplo é a hora de resolver o que fazer (até mesmo giros), no equilíbrio é onde o tempo para ali pra você, na mente é onde você parou pro tempo, é o sentido das coisas, o ponto zéro realmente é o centro, é minha busca.
essa semana foi bem importante pra mim, eu sempre treinei sozinho mas não nessa intensidade, comecei a me mover mais, sempre dando valor a todo tipo de obstáculo, tudo que é pequeno eu imagino grande, não digo que nescessito ficar sempre ali no baixo, digo que o simples não deve ser esquecido, muitas pessoas quando chegam num nível relativamente alto começam a ignorar as simples, não vou dizer que é certo ou errado, mas no meu ver isso é idiota, bobo. Quantas e quantas vezes vi pessoas que fazem precisões de 11 pés ou mais não conseguirem controlar uma de 6, 8 pés.
outra coisa que também sempre dou ênfase é a questão de coisas que não são parkour, girar, jogar um "fut", andar de skate, patins, dançar, correr e outros, muitos (tracers) falam tão mal sem nenhum argumento e sendo que essas coisas só vão trazer mais benefício ao próprio parkour, quantas e quantas vezes já joguei um giro pra escapar de uma queda, como o skate me deu uma impulsão cavalar em relação ao meu porte (90% do meu impulso é graças ao skate)... qualquer que seja a coisa que você esteja movimentando o corpo de forma diferente é um benefício ao parkour, até mesmo levantar pulando da cadeira ou andar de postura certa, são coisas bobas do dia-a-dia que acabam sendo esquecidas pela bobeira e a falta de atencão.
hoje [15 de março] foi um dia belo pra mim, equilibrei todo o alambrado de um parkinho gigantesco, a vontade de chegar sempre mais pra frente era muito forte, é como um bom livro que você fica ali na reta e dorme com ele nos braços, ou jogando vídeo game e só parar quando zerar o jogo, a cada dobra que avançava eu só queria ir mais longe, mas tinha uma regra, tal que se eu caísse teria que voltar da última dobra que tinha passado, quando cheguei lá pros 50% da volta eu caí, aliás, não caí, desequilibrei e segurei de saut de bras, fiquei intrigado de voltar ou não, logo dei-me um tapa na cara e disse -burro que se desconcentrou. vendo a situação voltei pra ultima dobra que em relação a tudo não estava tão longe.
chegando no último corrimão sempre vem aquela auforia retardada de chegar logo ao fim, comecei a desfocar a mente pras coisas que vinham na frente e não pra onde eu estava, logo caí pro saut de bras denovo, com a indignação quase chorei voltava me reclamando por outros motivos que nem eram mais aqueles. novamente na última esquina subi e só fiquei observando o que já tinha feito, eu evoluí, e podia mais, respirei fundo e terminei. quando dei o ultimo passo eu pulei do alambrado e comecei a correr feito louco, a senssação gratificante de ter feito algo por mim foi muito grande, mas essa senssação é momentânea e o corpo quer mais, a vida é feita de agonia e a felicidade é um pulso que te faz continuar a crescer. agora tenho novas metas com o obstáculo, essa já passou, e já que já cheguei até aqui, eu vou mais, eu vou em busca do ponto zéro, o ponto imaginário inexistente.

domingo, 1 de março de 2009

Pra que você faz isso?

as pessoas que não treinam geralmente perguntam isso, pensam isso.
eu passei a achar isso normal, também comecei a achar normal falar que é simplesmente por que gosto ou jogar outra pergunta a elas que as deixassem desengonçadas também...
o santigas também me falou uma vez que é preciso um motivo pra treinar, e isso ficou na minha cabeça, comecei a pensar nisso feito louco, não me vinha nada alem da minha cabeça que é por que gosto, mas isso não é a única resposta de por que treinar, tanto que todos tem aquele dia ridículo de treino, aquela bosta total.
a conclusão é que a coisa tem que ser prazeiroza, tem que vir de você, treinar parkour não é pra qualquer um, e nem todos que treinam tem o mesmo motivo, isso é uma coisa muito de dentro, podem até ter certas semelhanças, mas também pessoas muito dedicadas a coisas que pra muitos parece ser idiota, e se você olha com olhos leigos nada além da resposta é "legal". os outros não sentem o que você sente, não é como ver um jogo de futebol que você depende de um time, parkour é você, por isso é tão importante a "palavra" "o seu parkour, o meu parkour", é uma coisa muito pessoal.
esses dias com uma conversa com um amigo, finalmente pude ver um dos grandes motivos de por que treinar, eu sempre fui tímido e retraído, inquieto, inconstante, um verdadeiro "semi-bipolar", eu não sabia o que estava sentindo nem como fazer as coisas pararem, quando andava de skate achava que eu tinha uma liberdade, eu me sentia bem, mas não tinha graça andar de skate sozinho, quando tava sozinho eu me via só, não me sentia tão a vontade, eu era o que era. quando comecei o parkour mesmo que não fosse algo sério, eu já sentia grande diferença, eu já sabia que eu não precisava de nada, eu era livre pra movimentar, livre pensar. quando comecei a treinar sério as coisas ficaram mais intensas, a cada treino o prazer é maior, e nos dias de bosta eu simplesmente paro de treinar e observo o ambiente, eu não me aborreço com a falha movimentação como me aborrecia errando manobras no carrinho, aliás, eu não tenho o que quebrar, o erro é meu, se for pra quebrar algo eu me bateria, mas não é isso o caso. o que quero dizer é que quando treino parkour eu simplesmente estou botando pra fora tudo que sou, eu estou deixando de lado a vergonha, o medo, a solidão e muito mais, eu simplesmente sou eu, um animal buscando a caça, um animal que vive, animal sem preocupações além de um novo jeito de como fazer a próxima refeição, um animal agindo, só isso, não é só por que gosto, mas isso já faz parte de mim, me libertou de muitas coisas e muito mais que isso, sei que ainda tenho muito a desfrutar dos meus treinos e também sei que sempre vou achar mais motivos pra ir além. por que todos somos animais, mas nem todos vão a caça.

texto dedicado a tauan gonzales, meu amigo